Diário Branco...(Acaso)


Acaso


Olá diário. Sei que não faz muito sentido o que vou escrever. Não tenho a menor intenção de falar de mim mais. Ela chegou em prantos ontem. Não sei bem o que aconteceu. Do seu olho escuro só consegui ver vermelho e mais vermelho. Nunca fez muita diferença o que ela sentia ou deixava de sentir todo esse tempo. Mas hoje me senti impotente e totalmente empenhado a tirar um sorriso daquele rosto branco. Mas os dentes grandes não se deixaram a mostra nenhuma vez no dia de hoje. Quis cuidar dela como de minha irmã. Mas não consegui. Acho que não sou muito bom para fazer de alguém uma pessoa feliz. O que chega a ser uma pena, pelo tanto que me esforcei.

A presença dessa moça, que chamo Alice, não existia. Das suas piadas aos seus sobressaltos nada interferia na minha completa introspecção pessoal e social. Em meio a tanta gente que insiste em ser alguém, eu sempre preferi passar despercebido. É tão bom ser arbusto em meio às árvores de copas.

Mas o acaso colocou um ninho em meus galhos. E estou decidido a cuidar.

Comentários

  1. Você sendo arbusto em meio as árvores de copas não passará despercebido, talvez aconteca exatamente o contrário.

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  2. "Em meio a tanta gente que insiste em ser alguém, eu sempre preferi passar despercebido" me lembrou os textos do heterônimo Bernardo Soares de Fernando Pessoa. Adorei.

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